O Jornal Folha de São Paulo (13/04), a partir de dados da última pesquisa Datafolha, trouxe uma análise comparativa da percepção das medidas de isolamento social e da avaliação quanto ao desempenho do presidente, dos governadores e do ministério da saúde.

Os autores Reginaldo Prandi, Mauro Paulino e Alessandro Janoni cumprem um papel relevante ao trazer insights explicativos, principalmente quanto ao temor de contrair ou não a doença (os evangélicos que votaram em Bolsonaro temem menos) e quanto a opinião do desempenho do presidente, já que os evangélicos, em número maior, entendem que ele mais ajuda do que atrapalha.

Analisando o perfil amostral desta pesquisa constatei uma diferença significativa no aspecto ocupação. Há uma proporção levemente maior de desempregados procurando emprego entre os evangélicos, o número de aposentados é maior entre os católicos e somente neste grupo encontramos pessoas que vivem de renda. 8% dos evangélicos é assalariado sem registro e apenas 3% dos católicos são.

No quesito renda, 56% dos evangélicos recebem até 2 salários mínimos (SM) frente a 47% dos católicos. Em outra ponta há um número maior de católicos (5%), recebendo de 10-20 SM (evangélicos 2%), já de 20-50 SM temos 2% de católicos e 1% de evangélicos.

Estes dados mostram q uma proporção maior de evangélicos não têm condições econômicas de se sustentar durante o isolamento social, o que pode ser também um viés explicativo. Não posso realizar este teste por não ter acesso ao banco de dados, mas entendo q por mais frutífera q seja a explicação a partir da religiosidade outros aspectos, como renda, ocupação, escolaridade etc, merecem ser testados para obter correlações explicativas tão ou mais fortes.

Por fim, afirmo que analisar dados, informações e extrair insights úteis é bastante complexo e demanda equilibrar uma série de fatores.

Vamos adiante aprimorando o nosso pensamento estratégico 📈

Editoria: Pesquisa