Para além de católicos e evangélicos – pesquisa coronavírus
13 de abril de 2020O Jornal Folha de São Paulo (13/04), a partir de dados da última pesquisa Datafolha, trouxe uma análise comparativa da percepção das medidas de isolamento social e da avaliação quanto ao desempenho do presidente, dos governadores e do ministério da saúde.
Os autores Reginaldo Prandi, Mauro Paulino e Alessandro Janoni cumprem um papel relevante ao trazer insights explicativos, principalmente quanto ao temor de contrair ou não a doença (os evangélicos que votaram em Bolsonaro temem menos) e quanto a opinião do desempenho do presidente, já que os evangélicos, em número maior, entendem que ele mais ajuda do que atrapalha.
Analisando o perfil amostral desta pesquisa constatei uma diferença significativa no aspecto ocupação. Há uma proporção levemente maior de desempregados procurando emprego entre os evangélicos, o número de aposentados é maior entre os católicos e somente neste grupo encontramos pessoas que vivem de renda. 8% dos evangélicos é assalariado sem registro e apenas 3% dos católicos são.
No quesito renda, 56% dos evangélicos recebem até 2 salários mínimos (SM) frente a 47% dos católicos. Em outra ponta há um número maior de católicos (5%), recebendo de 10-20 SM (evangélicos 2%), já de 20-50 SM temos 2% de católicos e 1% de evangélicos.
Estes dados mostram q uma proporção maior de evangélicos não têm condições econômicas de se sustentar durante o isolamento social, o que pode ser também um viés explicativo. Não posso realizar este teste por não ter acesso ao banco de dados, mas entendo q por mais frutífera q seja a explicação a partir da religiosidade outros aspectos, como renda, ocupação, escolaridade etc, merecem ser testados para obter correlações explicativas tão ou mais fortes.
Por fim, afirmo que analisar dados, informações e extrair insights úteis é bastante complexo e demanda equilibrar uma série de fatores.
Vamos adiante aprimorando o nosso pensamento estratégico 📈
Sobre o Autor: Jeulliano Pedroso
Jeulliano Pedroso é Sociólogo, formado pela UFPR, com atualização pela UnB. Foi editor-chefe da Revista Sociedade em Estudos e bolsista do Conselho Nacional de Pesquisa Científica (CNPQ). Possui 13 anos de experiência em gestão de políticas públicas. Atua há mais de 17 anos como Analista e Estrategista Político. É líder RAPS e editor do site estrategiapolitica.com.br.
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