Quanto mais recursos o candidato utiliza em sua campanha, a probabilidade de ser eleito é maior. Confira exemplos das Eleições de 2016.

 

O tema do financiamento eleitoral e partidário é bastante polêmico, com defesas apaixonadas pelos mais diversos modelos, desde o financiamento integral com recursos públicos, o financiamento exclusivo por pessoas físicas e até o financiamento por empresas, tendo uma série de variações ou combinações entre eles. O modelo vigente permite o financiamento por pessoa física e/ou com recursos públicos. Este último consumindo em 2020 mais de R$ 2,8 bilhões de reais (quando somados o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral).

Pesquisa DataSenado

O DataSenado, entre os dias 9 e 11 de junho, consultou os brasileiros a respeito da possibilidade de os recursos do Fundo Eleitoral (Fundo Especial de Financiamento de Campanha) serem utilizados para ações de combate ao Coronavírus. Para 93% dos respondentes o recur

Mesmo com esse amplo apelo popular pela mudança, os recursos permaneceram como originalmente previsto. Por que essa resistência em renunciar os recursos públicos por parte dos congressistas? Respondo: a probabilidade de um candidato ser eleito aumenta quanto mais recursos ele utiliza em sua campanha.

Para irmos além do que parece óbvio e demonstrar esse fato de forma simples, realizei um teste de correlação entre os valores gastos pelos candidatos que se elegeram e aqueles que não se elegeram.

O que quer dizer este aumento de probabilidade de ser eleito?

so deveria ter essa destinação e apenas 5% afirmaram que os recursos deveriam ser mantidos para financiamento de campanhas eleitorais. 2% preferiram não opinar.

Pense numa aposta da mega sena. Em uma aposta simples, se paga R$4,50 para 6 números (cujo maior prêmio vai para quem acerta os 6 números, existindo, porém, prêmios para quem acerta 5 e 4 números – quina e quadra, respectivamente. Mas o apostador gostaria de aumentar suas chances de ganhar, então o que ele faz? Ele aposta com uma quantidade maior de números. Se o apostador quiser jogar com 7 números, pagará R$31,50. Se quiser apostar com 8 números, irá pagar R$126 reais. E assim por diante…

Numa eleição, esse aumento de chances também vem com um maior valor desprendido. No caso de Cascavel, a cada R$1.000 reais gastos em campanha o candidato vê sua chance de ser eleito crescer em 8.46% (esse percentual oscila conforme o município, por questões demográficas, pela quantidade de cadeiras em disputa e pelo valor gasto pelos adversários). Na loteria, o limite é de no máximo 15 números (a um gasto de R$22.522,50); já na eleição, o limite de quanto o candidato pode gastar é estabelecido pela Justiça Eleitoral.

A proporção de Financiamento do Eleito/Não Eleito expressa a relação entre as médias dos valores dos dois tipos de candidatos, que pode ser melhor visualizada no gráfico abaixo:

Para realizar esta análise utilizei os valores declarados, pois alguns candidatos podem ter gasto mais do que o efetivamente declararam, porém, não é possível mensurarmos esses valores.

Podemos ver no gráfico abaixo a distribuição dos candidatos eleitos e não eleitos conforme o valor investido no financiamento.

A diferença do financiamento médio dos vereadores eleitos para os que não se elegeram é bastante significativa, o que torna evidente a necessidade de amealhar o máximo de dinheiro possível. Para isso, os candidatos devem vencer primeiro a disputa pelos recursos, seja dentro do partido pela utilização dos fundos partidário e/ou eleitoral ou convencendo os eleitores a doarem, para então terem mais chances de êxito nas eleições, para serem então considerados candidatos competitivos.

Assim como na loteria, gastar mais aumenta as chances de sucesso, mas não garante a vitória. Nas eleições acontece da mesma forma…

Sigamos juntos pensando estrategicamente.

*Coeficiente de Gini: é uma medida de desigualdade, variando entre 0 e 1 e quanto mais próximo a 1, maior a concentração de financiamento.

 

Editoria: Eleições Municipais