Respondo: nenhum. Trago a resposta logo no início do artigo para evitar quaisquer dúvidas ou entendimentos dúbios.

 

O fato de Milton Ribeiro ser evangélico e pastor não é qualquer demérito aos seus predicados para assumir o MEC, entretanto, também não é uma qualidade. Este aspecto a respeito dele não deveria ser o foco para sua escolha e também não deveria ser o foco para seus detratores.

Milton Ribeiro é mestre em Direito e doutor em Educação e, mais relevante, diferente de seus antecessores, possui experiência em gestão universitária, pois foi vice-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Não se trata de defender o novo ministro, mas sim analisar um aspecto que tem surgido nas críticas à sua nomeação: o fato de Ribeiro ser evangélico (como se fosse possível caracterizar todos os evangélicos de forma homogênea).

O fato dele provavelmente ser um conservador é um problema?

Também não, já que se trata de um governo conservador.

A pressa preconceituosa em rotular Ribeiro por ser evangélico e pastor, e que este fato o desabonaria para a função de ministro, aponta um problema político e ético para aqueles que estruturam esta crítica. Política e estrategicamente, ao afastar a possibilidade de ter um evangélico ocupando este ou aquele posto meramente pela fé que professa, exclui automaticamente os evangélicos do campo político de quem tece tais críticas. Afinal se não há espaço aqui irá acolá e aqueles que esperam disputar a arena com Bolsonaro jogam no colo deste mais de 30% da população que se declara evangélica (Datafolha, pesquisa de 5 e 6 de dezembro de 2019). Ampliando para o percentual da população que se declara cristã esse número sobe para mais de 80%.

Cabem críticas ao governo Bolsonaro? Claro, como cabem a todos os governos, mas buscar o atalho para esta crítica no aspecto religioso, em particular nos evangélicos, pode acentuar ainda mais o descolamento de certos campos políticos da sociedade.

Editoria: Análise política